Igreja somos nós! Assim aprendemos. São
todas as pessoas quem trazem em si a marca de Cristo, o consagrado ao Senhor,
conforme a lei (cf. Lc 2,37), e que a Ele também nos consagramos com o batismo
que recebemos em nome da Trindade, mandato de Jesus aos onze. Ide, pois; de todas as nações fazeis discípulos,
batizando-as em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo (Mt 28,19).
Embora, sendo consagrados ao Senhor e
pertecentes a mesma corrente de espiritualidade, isso não quer dizer que não há
maneiras diferentes de encararmos certas coisas na Igreja. Bem nos
primórdios da Igreja já constatamos
isso, basta ler At 15,1-21 que nos deparamos com que acabo de dizer.
A Igreja de Antioquia estava numa
confusão tremenda, pois os membros proveniente do judaísmo acreditavam que só
poderia ter a salvação aqueles que fossem circuncidados, conforme dizia a lei
de Moisés. Porém, Paulo e Barnabé defendiam uma Igreja aberta ao mundo pagão,
não lhe impondo “tal peso”, mas exigiam somente o batismo, ou seja, a adesão a
Jesus Cristo; o estar unido a cruz e a sua ressurreição. Não precisava observar
o que diziam as leis mosaicas.
Por não encontrarem um entendimento
entre eles, decidiram levar a questão para Jerusalém, para que a Igreja-mãe e a
Palavra de Pedro dessem uma solução à Igreja local. E assim foi feito.
Vemos, nesse gesto dois fatores
importantes: o primeiro é a comunhão das igrejas locais; o problema de uma é
como se fosse o problema de todas, e o segundo é a convicção de que a
descoberta da verdade nasce no diálogo e na procura comum.
Tal ensinamento, brotado no início da
Igreja, nos ajuda a entender que, de fato, os discípulos de Jesus fizeram jus a
seus ensinamentos, principalmente quando Ele, lhes dirigindo a palavra os
convocava a estarem unidos a Ele. Eu sou
a videira e vós os ramos. Aquele que permanece em mim, e eu nele, esse produz
muito fruto; porque sem mim nada podeis fazer (Jo 15,5). Jesus se serviu
dessa alegoria para que seus discípulos compreendessem a comunicação e
circulação de vida divina que existe entre Ele e aqueles que nele creem, e,
conseguentemente, suas atitudes não seriam suas, mas do próprio Deus.
A conclusão, depois de muita escuta e
discussões, que chegaram em Jerusalém; a de não importunar os pagãos mas fazer
a eles somente algumas observações (cf. At 15,19-20), é fruto esperado daqueles
que estão unidos a Cristo. Pois, uma
Igreja livre e fiel a Cristo deverá ser sempre consciente de que “nada se deve
impor àqueles que se convertem a Deus”, senão o próprio Deus (Missal
Cotidiano).
Hoje, as divergências ainda continuam
nas comunidades, mas aprendemos a
resolvê-las, pois sabemos que é no desejo comunitário que encontramos, para
elas, uma solução plausível. Assim, a Igreja cresce e podemos dizer, com toda
certeza: somos de Cristo e através de sua graça, nos tornamos na esperança
herdeira da vida eterna (cf. Tt 3,7).