sábado, 3 de dezembro de 2011

A RICA EXPERIÊNCIA DO DESERTO

Grande parte da história do povo de Deus acontece no deserto. Na Bíblia, o deserto significa lugar do encontro com Deus e da geração do novo. Foi aí que o povo conseguiu fazer a travessia da escravidão para a liberdade; a passagem entre o Faraó que oprimia e Deus Javé que liberta; a ponte entre o contentar-se com o pão e busca da dignidade.
Foi também no deserto que o próprio Jesus se preparou para a missão, desarmando o diabo e superando as tentações. Antes dele, João Batista já abandonara o mundo e se refugiara no deserto. Lá recebeu a palavra de Deus, tornou-se “voz que clama no deserto”, convidando o povo a se preparar par receber o Messias
Mas, por que será que a Bíblia insiste tanto em colocar os grandes momentos do povo de Deus e as grandes decisões justamente no deserto? O que esconde e revela de tão importante? Ao ler a Bíblia, percebemos que é no deserto que Deus fala ao coração do seu povo: “Eis eu vou, eu mesmo, seduzi-la ao deserto, e falar-lhe ao coração” (Os 2,16). Comparando seu povo à esposa, Deus diz que no deserto lhe falará ao coração e o seduzirá. Ali irá guiá-lo por uma coluna de nuvem; iluminar a sua noite com uma coluna de fogo(Ex 13,21); saciar a sua sede com água do rochedo (Ex 17,6); oferecer como alimento o maná  de cada dia(Ex 16,13ss); revelar as suas Leis e fazer com ele uma aliança de amor.
Deus permitiu que seu povo experimentasse a sede, para que pudesse percebe a preciosidade da água; que sentisse fome, para aprender o valor do pão e da partilha; que sofresse a solidão, para que compreendesse a importância o valor dos irmãos. No deserto se viram perdidos, para reconhecer que precisavam de Deus; sentiram saudade do passado, para que aprendessem a valorizar a esperança; foram feridos pelo pecado, para que descobrissem a beleza do perdão.
O deserto nos ensina tudo isso. Só aprendemos a dar valor, quando perdemos algo ou não podemos ter. Somente passando necessidade, valorizamos a alegria de possuir. É na sua escuridão que se aprende a valorizar o brilho das estrelas. É na sua solidão e silêncio que se descobre a necessidade de prosseguir, sem se deixar dominar pelo desânimo e pelo cansaço: ”Levanta-te e come, porque tens um longo caminho” (1Rs 19,4-8).
Somos convidados a fazer a experiência da sede, para sentirmos o valor da água e ajudarmos a quem não possui. Olhando para as pedras do deserto, somos desafiados superar a dureza de nosso coração. “Tirarei do vosso peito o coração de pedra e vos darei um novo coração de carne” (Ez 36,26).
A experiência do deserto nos mostra que, enquanto há alguns que esbanjam e vivem na fartura, há outros que vivem do lixo ou sobrevivem das migalhas da nossa falsa “caridade”. Enquanto desperdiçamos ou nos entregamos à tentação do consumo exagerado, há milhões que não tem o mínimo para sobreviver. O maná do deserto, que não podia ser guardado, pois estragava de um dia para o outro, nos ensina a buscar o “pão de cada de dia” , pois se alguém acumula o pão  para anos e anos, faltará certamente o pão de hoje e até o de ontem para milhões de irmãos. E isso dói no coração do Pai.
Deus nos convida ao deserto e quer falar ao nosso coração. É esse lugar privilegiado do encontro com o Senhor da vida e com a vida dos irmãos. Tempo da geração do novo. Caminho e garantia da Páscoa da libertação.
A PALAVRA DE DEUS
1 Rs 19,1-8    
Contemplando a origem a partir do texto :
1.O que o texto diz em si? (Ler o texto, respeitar, situar).
2. O que o texto me diz? (Ruminar, dialogar, atualizar,: perceber os toques de Deus).
3. O que o texto me faz dizer a Deus? (Suplicar, louvar, recitar. Responder a Deus).
4. Como o texto me coloca diante de Deus e do mundo? (Enxergar, saborear, agir. Ver o mundo e os pobres com o olhar de Deus).
Momento de oração.
Após realizar os passos acima fazer uma oração de agradecimento a Deus.


                                                                                                          Boa oração!

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